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Mensagens

A mostrar mensagens de setembro, 2015

Amor

Hoje apetece-me falar sobre o amor entre duas pessoas. O chamado amor romântico, para diferenciar do amor universal ou de outra espécie qualquer de amor. É verdade, o amor sendo tão universal pode ser aplicado a tudo e a todos. Tenho vontade de escrever sobre este género de amor. Também tem que ser incondicional ou não é verdadeiramente amor. Pode ser paixão, atração, amizade colorida ou outra coisa qualquer que agora não me consigo lembrar. Mas também não importa. Importa é frisar que esta qualidade de amor também tem que ser incondicional. Como a própria palavra indica, amor incondicional é amor sem condições. Sem “se’s”, sem “mas”, sem medo. Sim, é difícil. Muito difícil. Talvez porque temos muito medo de não sermos correspondidos. Medo de sermos rejeitados. Medo de não nos aceitarem como somos e apesar do que somos. Medo de não sermos suficientemente interessantes para merecermos o amor do outro. A nossa cabeça embrulha e racionaliza um conjunto de medos e de questões que às vezes

Animais, bichos e bicharocos

Gosto tanto de animais que gostaria de ter algumas das suas virtudes. Se por um golpe de magia pudesse transferir algumas características dos outros bicharocos para a minha pessoa, seria brutal! Um sonho! Não é possível, está claro, mas que seria maravilhoso, lá isso seria. E eu gosto de tudo o que é ou do que poderia ser maravilhoso. Então vamos lá ao desgarrar da bicharada e das suas virtudes, dos seus encantamentos e magias. Claro que os animais são mágicos. Fazem parte da magia da criação e da natureza. Penso que devem ter levado com uns pozinhos de perlimpimpim quando estavam para aparecer no nosso mundo. Só podem. Sabem exatamente qual é a sua missão e o seu papel no todo. E são felizes por isso. Desempenham as suas funções sem queixumes, sem lamurias nem descontentamentos. Têm a consciência coletiva de pertença à natureza e respeitam-na universalmente. Nenhum bicho se considera superior a outro . Até o enorme rinoceronte sabe que uma avezinha a bicar as suas costas é uma aj

As cores da vida

Hoje tenho andado a pensar nas cores da vida. Na verdade, esta tem sido uma semana em que tenho refletido bastante sobre a vida em si própria. De vez em quando acontecessem-nos uns imprevistos que nos param - assim de repente - e que nos fazem refletir em tudo. Refletimos sobre a vida e sobre as pessoas que nos são muito queridas.  Acordam-se-nos um conjunto de pensamentos que se encontram adormecidos a maior parte do tempo. Levamos uma chocalhadela e emerge o que temos de mais profundo. Os abanos da vida são muito importantes. Servem particularmente para alinharmos as prioridades, para não vivermos como se fossemos eternos e para quando morrermos, não morrermos como se não tivéssemos vivido. Este pensamento do Dalai Lama faz-me todo o sentido. E sempre que o relembro, acrescento qualquer reflexão. Quando alguém lhe perguntou o que mais o espantava nos homens, ele respondeu, com a sua imensa sabedoria, que era o facto de os homens viverem como se fossem eternos e de morrerem como

Trapalhada

Se eu fosse um elefante seria um daqueles trapalhões que gostam de entrar nas lojas de porcelana. Tão subtis e cuidadosos. Se eu fosse um crocodilo, voava tão baixinho, tão baixinho, que ninguém daria pelo meu bater de asas e deslizaria discretamente entre as gotinhas de chuva. Se um fosse um cisne, haveria de ser tão patudo, tão patudo que, de nenúfar em nenúfar, ia num ápice de um lado ao outro do lago.  Se eu fosse um baguinho de uva, azedava o vinho todo só pelo prazer de ser do contra. Se eu fosse um mosquito tocava violino numa orquestra metropolitana só para mostrar aos moscardos que os seus bateres de asa não valem nada. O voo do moscardo é vulgar de Lineu. Se eu fosse uma centopeia, andaria sempre de patins só para chatear os sapateiros. E rolava melhor. E a vida fluía de outra maneira. Já lá estava antes de ter chegado. Já podia ir andando enquanto educadamente fazia mais um bocadinho de sala. Só vantagens. Ser-se comprido e lânguido tem as suas vantagens. Sendo-se

Um bocadinho de madeira flutuante

Hoje sinto-me assim como um bocadinho de madeira a boiar no mar. A deixar-me ir para qualquer lado que a maré me leve. Flutuar no mar é uma das minhas sensações preferidas. E quando não sei bem para que lado encaminhar a vida, faço um chamamento dessa sensação. Penso sempre numa água quentinha e transparente, azulada ou esverdeada, conforme a vontade do oceano (que também tem as suas vontades e os seus caprichos). Penso que a cor do oceano depende das suas conversas com o sol e com o céu. Oferece um reflexo cheio de cor e de mensagens que só as forças da natureza compreendem entre si. O azul e o verde hão de querer dizer coisas diferentes. E as suas variações sobre o mesmo tom também hão de ter significados diversos. Mas isto são conversas que não nos dizem respeito. São os amores trocados entre o mar, o sol, o céu e o vento. É muito feio enfiarmos o nariz onde não somos chamados…por vezes sou muito nariguda nestas coisas…penso que estas forças da natureza têm uma identidade própria,

Fado em Pequim

Hoje quero escrever sobre um dos meus temas favoritos: a música. Não é que eu seja especialista do assunto ou que para lá caminhe. Apenas gosto muito. Não sei gostar pouco de nada. E de música, gosto particularmente. Gosto com uma profundidade que me chega à alma. Tenho uma música, uma cantiga para quase tudo. Há sempre um paralelismo ou uma associação que posso estabelecer entre um episódio da minha vida, uma situação, uma pessoa, um sentimento, seja o que for, e uma música, uma melodia. Também sou daquelas que pensa que cantar é rezar duas vezes. Gosto de rezar a cantar. Parece que sai com mais furor, com mais fé, com mais sentimento. O talento para a música, é, no meu ver, mais uma das graças da criação. Se pensarmos e observarmos um bocadinho podemos verificar que a própria natureza está cheia de música, cheia de maravilhosos sons que nos transportam para qualquer coisa de diferente. Para mim é a um nível de paz, de alegria e de pertença. De consciência coletiva. O som das águas,

O início e o fim

T enho uma dúvida existencial daquelas do género “qual nasceu primeiro, o ovo ou a galinha?” A minha dúvida tem a ver com o amor e a fé. Quem é mãe ou pai de quem? O que é que está na origem do quê? Será que é mais um daqueles ciclos virtuosos em que não há princípio nem fim? Para mim, esta questão dos infinitos e de não haver início nem fim é difícil de abarcar na minha humana cabeça. Como tenho umas gavetinhas para arrumar as coisas, coisas sem princípio nem fim são muito difíceis de arrumar. Não cabem nas gavetas. Não se arrumam. Ficam para lá a pairar sem um lugar próprio onde as encaixar. São transversais a várias categorias e não pertencem apenas a uma gaveta do meu ficheiro.  Que maçada! Eu que gosto tanto das coisas arrumadinhas por ordem alfabética…ajuda-me a perceber o mundo, as pessoas, os sentimentos, o que não é tangível. Ajuda-me a etiquetar a realidade. Ajuda-me a posicionar perante tudo o que não sou eu. As maravilhosas gavetas dos meus maravilhosos ficheiros

O meu medo e eu

Hoje apetece-me falar de medos, fragilidades, limites e outras coisas que nos parecem mal. E digo “parecem” propositadamente. Talvez apenas pareçam e não sejam “mal” na verdade.  Muitas vezes falo sobre o encarar de frente as dores, as saudades e outras emoções que nos fazem sofrer. Não existe outra maneira de lidar com elas. É necessário virem à nossa presença. Não podem ficar algures na nossa mente, na nossa alma ou no nosso corpo, perdidas e sem tratamento. Tudo o que nos assusta ou dói tem que vir à nossa consciência. Tudo aquilo que nos torna mais pequenos, mais insignificantes, mais martirizados tem que ser colocado ao nível dos nossos olhos. Quando fingimos que nada nos dói ou que nada se passa, estamos a deixar que qualquer coisa que nos avilta se esconda e que cresça, paulatinamente, sem pressas, no nosso interior. O nosso mundo interior é quentinho e confortável e estas emoções perdidas adoram lá ficar e aninhar-se num canto onde ninguém as incomode. E vão-se alimentan

Memórias, arpões e garras

Hoje apetece-me escrever sobre aquelas pessoas que passam na nossa vida e que nos marcam a alma. Há pessoas de quem nós nem nos lembramos de alguma vez ter conhecido. Não deixaram impressão quanto mais carimbo! No meu caso, que tenho uma memória essencialmente emocional, as pessoas desempenham um papel muito estrutural na minha árvore da memória. Vão desde as raízes mais profundas até aos meus ramos mais altos. É verdade. Acho que posso comparar o meu mundo de memórias a uma grande árvore. Onde lá cabe tudo. Nesta minha árvore de memórias passadas e de memórias recentes - de ontem- por exemplo, há lugar para todos os que deixam marca. E para todas as marcas que alguns deixam. E esta minha árvore é grande que se farta. Luminosa e vivaça. Apesar de as minhas memórias serem essencialmente emocionais, com tudo o que isso tem de bom e com tudo o que isso tem de mau, não gasto muita energia com memórias cinzentas. Cinzentas e negras são aquelas memórias que encerram mágoas, dores e desgosto

A diferença

Há uns dias atrás, ouvi uma frase que me tem martelado na cabeça. Quase que me queima o pensamento e o coração. Dói-me. A frase dizia respeito a alguém que teria “temor a Deus”. Esta frase foi dita com toda a consideração e por bem. Como um elogio à fé da pessoa em causa. Eu fiquei a pensar no assunto e a ferver por dentro. Agora tenho aliviar a pressão. Ou seja, colocar água na minha própria fervura. Esta coisa de falar em temor a Deus é qualquer coisa que me molesta. Como se pode ter temor de Deus?! Temor implica medo, susto. O medo é a verdadeira antítese do amor. E Deus é verdadeiramente amor. Logo, temer a Deus é quase negar a sua essência primordial. Ao longo dos séculos, Deus foi visto como uma entidade imensa, assustadora, castradora, castigadora e temerária. Como um senhor feudal que comanda, que põe e dispõe dos seus servos, protegendo-os mas exigindo quase a perfeição. E castiga a valer quem sai da linha. Até me custa escrever estas palavras…a verdade é que esta visão de