Li uma frase fantástica do também fantástico Paulo Coelho. Reza assim:
"A vida de uma pessoa livre é considerada ofensiva para todos que vivem presos a aparências e regras."
Mais uma vez, uma excelente desculpa para refletir sobre mim própria e sobre a vida. E volto a pensar na liberdade que significa ser-se como se é. Não há supremacia da essência interior sem liberdade. Sem se ser livre. Ser-se quem se é, de forma livre, é um processo que começa de dentro para fora. De descoberta interior e de correspondente ação no meio exterior. Ser-se o que se é e atuar-se em conformidade. Simples assim dito, não é?
É uma maravilha em termos de paz de espirito! Mas tem um preço muito elevado. Estaremos dispostos a pagar este preço? Estaremos dispostos a sermos considerados ET’s, libertinos, esquisitos, diferentes, incompreensíveis? Ofensivos, no final de contas. Porque as pessoas têm a tendência para se assustar com o que não compreendem. Têm igualmente a tendência para denegrirem o que não são capazes de alcançar. A coragem, a simplicidade, a paz, a tolerância e a compaixão. O amor, afinal de contas. A liberdade é mãe e companheira do amor. O amor incondicional não julga, não assusta nem tem medo. Mas pode ofender quem não é capaz de o sentir ou de o escolher. Pois ser-se livre é também uma possibilidade que está ao alcance de cada um de nós. É uma escolha individual. E tudo será uma questão de coragem. Coragem para sair da zona de conforto. Coragem para perder pessoas que gravitam à volta mas que verdadeiramente não partilham. Coragem para ser apontado, julgado e afastado do conjunto, do rebanho. Coragem para ser solitário. Para ir e fazer aquilo que o coração dita.
O que eu não consigo compreender ou atingir, ofende-me, pois confronta-me com as minhas próprias limitações e fragilidades. Os outros livres são o reflexo dos meus atrofios, medos e inseguranças. As regras e as rotinas dão-me uma sensação forte de segurança. De saber o caminho e de saber o que está certo. O não saber o caminho, o viver um dia de cada vez, o confiar no Divino, é muito assustador! Por outro lado, as aparências ajudam-me a parecer aquilo que quero ser. Melhor, ajudam-me a ser aquilo que os outros querem que eu seja. Ajudam-me a não ser rejeitado. E a rejeição dói muito. Dão-me a ilusão de ser amado. E assim, a vida tem estruturas fortes que me ajudam a saber quem sou e para onde vou. E nunca estou sozinho. Há sempre um rebanho de iguais à minha volta. E eu vou-me construindo de fora para dentro. Do meio ambiente para a essência. Preso mas seguro.
Mas na verdade, não é a vida que tem que ter estruturas fortes. A vida não tem sequer estruturas. A vida é fluída e serpenteante. Nós é que temos que ter estruturas fortes. E a maior estrutura que podemos ter é a nossa essência divina. O nosso coração, onde Deus mora. E nesta estrutura fundamental existem vigas mestras que a sustêm. A viga principal é o Amor. O amor é a força. Uma outra, a verdade. A verdade e o amor sempre acompanham a justiça. A sabedoria e a liberdade representam as outras linhas mestras que devem conduzir a nossa essência, o nosso ser divino. E é este que devemos conhecer em profundidade, fazer crescer e trazer para o mundo. Forte e livre. Transcendente e criativo. E tudo o que se faz em liberdade e por amor, nunca pode ser mal feito!
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